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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Conceito de Sistemas Colaborativos

Sistemas Colaborativos são ferramentas de software utilizadas em redes de computadores para facilitar a execução de trabalhos em grupos. Essas ferramentas devem ser especializadas o bastante, a fim de oferecer aos seus usuários formas de interação, facilitando o controle, a coordenação, a colaboração e a comunicação entre as partes envolvidas que compõe o grupo, tanto no mesmo local, como em locais geograficamente diferentes e que as formas de interação aconteçam tanto ao mesmo tempo ou em tempos diferentes. Percebe-se com isso que o objetivo dos Sistemas Colaborativos é diminuir as barreiras impostas pelo espaço físico e o tempo (CAMARGO, KHOURI, GIAROLA, 2005).

Teorias e Modelos para quê?


 

As teorias e modelos que são do nosso interesse, são aquelas que nos auxiliam a selecionar e projetar sistemas para dar suporte ao trabalho em grupo, e isso se dá a partir da compreensão de como as pessoas colaboram.
As teorias nos ajudam a entender, comparar, abstrair e generalizar as observações sobre o mundo em que vivemos e sobre os produtos criados por esta sociedade. Para comparar diferentes pontos de vista e compartilhar conceitos, pesquisadores utilizam estas teorias para tal.
Dentre as teorias sobre colaboração destacamos duas: Teoria dos Jogos e Teoria da Atividade. A Teoria dos Jogos são explicações matemáticas para diferentes cenários de tomada de decisão, envolvendo colaboração e competição. A Teoria da Atividade descreve e explica como seres humanos realizam atividades em situações cotidianas, individualmente e em sociedade.

Um modelo científico é uma representação lógica ou matemática de um fenômeno, é a descrição do fenômeno de maneira abstrata, conceitual, gráfica ou visual. É usado para explicar, analisar e fazer predições falseáveis sobre um fenômeno.
 

Teoria dos Jogos

Na Teoria de Jogos, estuda-se cenários de tomadas de decisões estratégicas, representados por jogos. Nestes cenários, cada pessoa tem que tomar uma decisão para obter um resultado, mas o resultado que ela terá não depende unicamente da sua decisão, mas também da decisão dos outros envolvidos. Portanto, para tomar uma decisão, é necessário avaliar a situação dos demais participantes e traçar suposições sobre que decisões eles tomarão. A Teoria dos Jogos provê conceitos, metodologia, formalização matemática e situações e cenários (jogos) já bem estudados que apoiam a análise de casos reais.Assume-se, na Teoria dos Jogos, que os jogadores sempre buscam obter o melhor resultado para si.Alguns exemplos a serem mencionados (podem ser apresentados antes da questão “que decisão tomar?”) são: leilão, ações diplomáticas para desarmamento de países, estabelecimento de preços e compartilhamento de bens comuns.

Num leilão, cada comprador dá um lance buscando fazer o outro desistir da compra, o que demanda que ele faça uma suposição sobre a decisão do outro. Até quando ele irá aumentar sua oferta? De quanto? Numa ação diplomática entre países que buscam desarmamento, cada país busca desarmar-se sem ficar indefeso e nas mãos do outro país. Quem dará o primeiro passo? Até que ponto o país deve abrir mão, por exemplo, de uma determinada base militar estratégica? O que será suficiente para o outro país prosseguir nas negociações? No estabelecimento de preços, cada participante tenta vender com preço baixo e alto lucro, mas o que acontece se meu concorrente cobrar um preço menor que o dele? No compartilhamento de bens comuns, cada pessoa busca usufruir ao máximo de um bem comum (um rio, uma floresta, as ruas de uma cidade) mas se isto acontece o bem comum se deteriora (o rio é poluído, a floresta é destruída, as ruas ficam engarrafadas).  







Um exemplo clássico da Teoria dos Jogos é o Dilema do Prisioneiro. Esse jogo é classificado como jogo de soma não zero, pois o ganho de um jogador não implica que os outros percam. O Dilema do Prisioneiro foi formalizado e adaptado ao cenário de prisioneiros pelo matemático A. W. Tucker. A seguir é apresentado em uma de suas variações.




O exemplo do Dilema dos Prisioneiros mostra como a Teoria dos Jogos apoia a compreensão de situações complexas reais e orienta os atores em suas ações e decisões. Em relação à colaboração, a Teoria dos Jogos esclarece conceitos nem sempre bem compreendidos como autointeresse, matriz de ganho, incentivos e jogos de soma não zero. Ao aplicá-los em situações reais, cresce a nossa capacidade de avaliar, propor e agir em cenários de trabalho, estudo e lazer em grupo. Um exemplo é a possibilidade de alterar a matriz de ganhos para introduzir incentivos que promovam a colaboração. 

A Teoria dos Jogos é cada vez mais usada em áreas como economia, política, filosofia a e computação. Desde a década de 1970, a Teoria dos Jogos também é usada para estudar o comportamento dos animais e a evolução genética, abordados a seguir. A corrida armamentista, a exploração dos recursos naturais comuns a todo o planeta e a formação de parcerias entre empresas são alguns exemplos analisados sob a ótica dessa teoria.

OUTROS JOGOS DA TEORIA DOS JOGOS
 












No Jogo do Frangote, cada jogador tenta colocar o oponente no limite para que ele desista e saia do jogo.

No Jogo do Voluntário, um ou mais jogadores prejudicam-se para favorecer o grupo; se não houver voluntários para o sacrifício, todo o grupo perde. A situação fica dramática quando alguém tem que dar a vida pelo grupo; caso contrário, todos morrem.


A Batalha dos Sexos é um jogo no qual marido e mulher precisam combinar um programa à noite: assistir ao futebol ou sair para um jantar romântico. O marido prefere o futebol; a mulher prefere o jantar romântico e os dois preferem estar juntos ao invés de separados. Mas, desejando estar juntos, ambos também querem fazer seu programa preferido.


O Jogo do Ultimato é descrito por meio de um cenário no qual duas pessoas têm que dividir uma quantia de dinheiro recebida por uma delas na sorte. O valor recebido é conhecido por ambos. A pessoa que ganha o dinheiro faz uma proposta de como dividi-lo. Se a outra pessoa aceitar, a quantia é dividida em função do acordo estabelecido, caso contrário, nenhum dos dois ficará com o dinheiro. O jogador precisa estimar o valor mínimo aceitável pelo outro, pois caso o outro recuse será prejudicial para ambos. Por exemplo, você aceitaria a proposta de receber R$1,00 (o que é melhor do que nada) enquanto o outro fica com R$99,00? Por quê? O que está em jogo nesse caso?

Teoria da evolução da colaboração (“tit for tat”)

A Teoria da Evolução da Colaboração explica como a colaboração emerge e se mantém num cenário competitivo. Essa teoria surgiu na década de 1970, em competições promovidas pelo cientista político Robert Axelrod. Nessas competições, para as quais vários estudiosos da Teoria dos Jogos enviaram suas propostas de estratégias, a estratégia vencedora foi “tit for tat”, que neste texto será traduzido para “toma lá dá cá”. Essa estratégia foi proposta pelo matemático Anatol Rapoport, e segue três regras básicas:
 
A estratégia do “toma-lá-dá-cá” é uma estratégia que promove a colaboração em prol do benefício comum. Ela é uma variação do dilema do prisioneiro, realizado em várias rodadas, onde o participante percebe a estratégia do adversário e age da mesma forma: se o adversário colabora, ele também colabora. Se o adversário trair, ele perde a confiança e trai na rodada seguinte também, mas está sempre disposto a perdoar, caso o adversário volte a contribuir.
O toma-lá-dá-cá equivale ao que se chama “altruísmo recíproco” em biologia, em que espécies ou indivíduos participantes de uma relação podem obter vantagens mútuas se cooperarem.
O toma-lá-dá-cá é uma estratégia vitoriosa em competições de jogos com o dilema do prisioneiro, mas apesar disso apresenta problemas. Primeiramente, depende da interpretação correta da ação do outro indivíduo.

Teoria da atividade

A teoria da atividade explica como os seres humanos realizam atividades em situações cotidianas, individualmente e em sociedade. É uma teoria útil para compreendermos a colaboração mediada por tecnologias computacionais.
Nessa teoria, a atividade é a unidade mínima de significado para compreender as ações de um sujeito. O sujeito pode ser uma pessoa ou um grupo. O objeto é concreto como um documento, ou abstrato como uma ideia ou decisão a ser tomada. Um sujeito realiza ações sobre um objeto para alcançar um objetivo.


Outro conceito fundamental da teoria é a realização da atividade por mediação de artefatos, como representado na Figura acima. Artefatos físicos, como ferramentas e máquinas, têm grande impacto sobre a atividade realizada.
Numa perspectiva evolucionária, o ser humano não deve ser analisado apenas individualmente,mas também na sua dimensão coletiva, um ser que vive em sociedade. Para compreendera atividade e o desenvolvimento da espécie, devemos considerar também a população e a comunidade, o grupo em que o sujeito se encontra, o coletivo imediato. Na realização de uma atividade, as ações são frequentemente reguladas socialmente em decorrência da interação social. De forma análoga à função mediadora dos artefatos na relação entre o sujeito e o objeto, a atividade coletiva é mediada pela divisão de trabalho, e a vida em sociedade é mediada por regras coletivas – veja na Figura a seguir:
Para a Teoria da Atividade, a mediação é o que possibilita a evolução da cultura humana. O que antes era natural e ecológico passou a ser histórico e econômico. A atividade, que costumava ser uma adaptação ao meio, foi transformada em consumo subordinado a três aspectos: produção (cooperação), distribuição (coordenação) e troca (comunicação).
O Modelo de Atividades, apresentado na figura acima, é considerado a menor e mais simples unidade que preserva a essência da qualquer atividade humana, simplifica a realidade complexa das práticas cotidianas, induz a focalizar nos elementos mais relevantes e no inter-relacionamento entre eles.
A teoria da atividade fornece um método de compreensão e análise de um fenômeno, encontrando padrões e fazendo inferências através de interações, descrevendo fenômenos e apresentando fenômenos através de uma linguagem e retórica embutida. Uma atividade em particular é uma interação propositada ou dirigida a objetivos de um sujeito com um objeto através do uso de ferramentas. Essas ferramentas são formas exteriorizadas de processos mentais que se manifestam em construções, sejam elas físicas ou psicológicas. A teoria da atividade reconhece a internalização e a externalização de processos cognitivos envolvidos na utilização de ferramentas, bem como a transformação ou desenvolvimento que resulta da interação.